FLII percorre seis concelhos com literatura, arte e reflexão sobre África e a descolonização

De 12 a 17 de junho, o Festival Literário Internacional do Interior (FLII) – Palavras de Fogo está a levar literatura, arte e pensamento crítico a seis concelhos do Centro de Portugal – Arganil, Coimbra, Condeixa-a-Nova, Góis, Lousã e Pedrógão Grande – com uma programação rica e diversificada que celebra a lusofonia, a memória e o futuro.

A 8.ª edição do FLII – promovida pela Arte-Via Cooperativa – assinala os 50 anos do 25 de Abril e da descolonização, os 500 anos do nascimento de Luís de Camões e presta homenagem à literatura africana de expressão portuguesa, tendo como tema central “África escrita em português”.

A sessão inaugural teve lugar a 14 de junho, no Museu de Conimbriga, com as intervenções de Vítor Dias (Diretor do Museu de Conimbriga) e José Augusto Cardoso Bernardes (Comissário-Geral das Comemorações do V Centenário do Nascimento de Luís de Camões), seguida da conferência “A descolonização na literatura”, com a participação de Abdelaziz Vera Cruz, Florizandra Delgado Porto Barros e moderação de Cristina Robalo Cordeiro. A tarde terminou com a peça “África, onde sempre esgaravatamos”, uma adaptação de fábulas de Ana Filomena Amaral, interpretada por Christiane de Macedo, com dramaturgia de Rafael Camargo e música de Iria Braga.

O Município de Arganil, parceiro do festival desde a sua primeira edição, acolheu diversas iniciativas entre os dias 13 e 15 de junho. No dia 13, a escritora são-tomense Olinda Beja apresentou o seu livro infantil Simão Balalão aos alunos do 3.º e 4.º ano da Escola Básica do Sarzedo, num encontro marcado pelo entusiasmo e curiosidade das crianças. Já na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, em Côja, Paula Afonso dinamizou a sessão “Capulanas com histórias”, onde partilhou a sua experiência de voluntariado em Moçambique e leu os contos O muro e O beijo da palavrinha, proporcionando às crianças uma viagem sensível pelo imaginário africano.

A noite de 15 de junho foi dedicada à palavra e à reflexão. O serão teve início com um espetáculo poético de Olinda Beja, que emocionou o público com textos carregados de identidade e memória. Seguiu-se o painel “50 anos depois, como se escreve África?”, que reuniu no Auditório da Biblioteca Municipal de Arganil os autores Antonieta Rosa Gomes, Abdelaziz Vera Cruz e Alice Goretti de Pina, com moderação de Miriella de Vocht. O debate refletiu sobre os caminhos da literatura africana de expressão portuguesa cinco décadas após as independências, destacando tanto as continuidades como as ruturas no modo como o continente é narrado. A noite terminou com um desfile de moda da estilista santomense Goretti Pina, em colaboração com a CUME e os alunos de percussão da Escola de Música da Associação Filarmónica de Arganil, num cruzamento vibrante entre tradição, criatividade e afirmação cultural.

Integradas na programação do festival, as exposições “Neves e Sousa: artista completo, apaixonado e exigente” e “Sentir a Arte – pela Literatura Africana de Língua Portuguesa” continuam patentes ao público até ao final do mês. Podem ser visitadas, respetivamente, na Biblioteca Municipal de Arganil e na Biblioteca Alberto Martins de Carvalho, em Côja.

O FLII continua a afirmar-se como uma referência na descentralização cultural, promovendo o encontro entre escritores, artistas e comunidades, e valorizando os territórios afetados pelos incêndios de 2017 – onde as palavras ganham novo significado e impacto.

  • Flii Desfile (17)
  • Flii Painel (8)
  • Flii Olinda Beja (1)
  • Flii Paula Afonso (8)
  • Flii Painel (2)
  • Flii Olinda Beja 15 06 (9)
  • Flii Olinda Beja 15 06 (8)
  • Flii Olinda Beja (3)
  • Flii Desfile (21)
  • Flii Painel (4)
  • Flii Paula Afonso (10)
  • Sentir Arte Literatura Africana (5)
  • Flii Paula Afonso (3)