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Projeto BARRO está de regresso: “Construir com o que fica – comunidade e memórias cerâmicas de Arganil”

Entre os dias 9 e 13 de junho, em Coja e em Arganil, terá lugar o segundo momento do projeto “Barro”, desenvolvido pela Mundo em Reboliço, com direção artística de Filipa Francisco e Hugo Cruz.

Em 2023, a Mundo em Reboliço desenvolveu em Arganil o projeto “Barro”, centrado na memória das antigas fábricas de cerâmica e na relação da comunidade com o território. O projeto visou valorizar a identidade local e recuperar narrativas esquecidas, através de um processo criativo colaborativo que culminou num espetáculo.

Este ano de 2025, entre os dias 9 e 13 de julho, vai retomar este projeto apresentando o seu segundo momento que dá continuidade a esse trabalho. A proposta passa por uma abordagem transdisciplinar, na qual se reúnem as memórias e reflexões recolhidas ao longo do processo criativo e de investigação. São convocados diversos formatos de apresentação, entre os quais vídeo, instalação e ações de mediação, que incluem conversas, oficinas e visitas. A direção artística é de Filipa Francisco e Hugo Cruz, os criadores envolvidos são Miguel Canaverde e Guida Marques. Promovido pelo Município de Arganil, este evento conta ainda com diversas pessoas e estruturas que participaram no primeiro momento, para além de novos participantes.

Gestos artísticos sobre barro, memória e comunidade, que ligam a arte ao território

Miguel Canaverde criou uma peça vídeo-sonora, a ser instalada no mercado de Arganil, que nasce da vontade de preservar e partilhar memórias da residência artística de 2023. Centrada no barro como matéria-prima e ponto de partida criativo, será exposta em duas televisões e um ponto de escuta, onde serão exibidas entrevistas, ensaios, momentos do espetáculo e imagens de arquivo recolhidas no processo. A estes juntam-se sons da natureza, cartas e padrões visuais inspirados na terra e com improvisações sonoras. A experiência propõe uma escuta atenta e sensível do tempo, memória e sustentabilidade dos materiais.

Em paralelo será projetado o documentário “Barro”, também deste autor, em Coja e em Arganil, como extensão desta reflexão artística e coletiva.

Guida Marques concebeu uma instalação participativa, cujos os eixos fundamentais são comunidade, património e reflexão. Esta instalação pretende refletir a memória do lugar, envolvendo a comunidade na sua criação, de forma coletiva e participativa, com materiais sobrantes das cerâmicas. Inspirada no valor simbólico da antiga chaminé fabril, propõe ser um marco de identidade e de ligação ao passado da região ligado à cerâmica.

Paralelamente, alia-se à iniciativa Chris Torch, programador e membro da AREA – Arts in Rural European Areas. Torch fará uma conversa e dará uma oficina destinada a envolver a comunidade e as associações culturais locais nos temas da Cultura e Comunidade. Nela, vai abordar exemplos europeus de intervenções culturais em zonas rurais, destacando a “intimidade cultural” face a eventos de grande escala. Para além de recomendações para a redução do desequilíbrio entre o investimento cultural em áreas rurais e urbanas, fará com os participantes uma análise de necessidades das comunidades locais em Portugal, procurando identificar os seus desejos e prioridades. Por fim, serão discutidas respostas culturais a desafios como o turismo, a desertificação, o património, a agricultura e a fragilidade económica nas zonas rurais.


Cinco dias de criação partilhada: entre a escuta, o gesto e a festa

As iniciativas integradas neste projeto vão decorrer em Arganil e Coja, entre 9 e 13 de julho. No dia 9 de julho, em Coja, na praça Dr. Alberto do Vale, o programa tem início às 18h com os “Pontos de Escuta”, conversas com pessoas da região sobre o trabalho nas fábricas de cerâmica e a sua relação com a peça “Barro”, de 2023. Às 22h será exibido o vídeo-documentário “Barro”.

No dia 10 de julho, desta vez em Arganil, terá lugar uma ação no Mercado, com a inauguração de uma peça vídeo-sonora da autoria de Miguel Canaverde, seguida de uma conversa com ceramistas locais. Com mediação de Tereza Madeira e Guida Marques, esta conversa conta com a participação de Debbie Manson, Katya de Melo, Isabel Braga e Esther Harrison e acontece no âmbito do projeto de curadoria da Trust Collective – Diálogos “pop-up”.

A 11 de julho, às 18h, na Fábrica de Cerâmica de Arganil, realiza-se uma conversa com Chris Torch.No dia 12 de Julho, também na Fábrica, às 14h, será exibido o vídeo-documentário “Barro”. Às 15h decorre uma oficina de memórias orientada por Hugo Cruz e Filipa Francisco, seguida, às 16h, pela oficina “Culture and Community”, conduzida por Chris Torch. Pelas 18h30 inicia-se a execução da instalação participativa concebida por Guida Marques, culminando com um percurso-festa com participantes de 2023 da peça “Barro” e novos.* O programa encerra no dia 13 de julho, com uma visita guiada à Fábrica de Cerâmica de Arganil.