No 150.º Aniversário do seu nascimento, Arganil recorda Anthero da Veiga

 

No dia 19 de Fevereiro, numa organização da Câmara  Municipal de Arganil, vai ter lugar no auditório da Biblioteca Miguel Torga, uma sessão evocativa de Anthero da Veiga, na passagem do 150.º aniversário do seu nascimento.

Na ocasião serão divulgadas novas informações biográficas, recolhidas por seu neto, Prof. Dr. Luiz Alte da Veiga( que complementarão  o trabalho do jornalista António Quaresma Ventura, editado em 2010 pela Câmara Municipal de Coimbra), assim como será feita uma abordagem à obra de Antero da Veiga como guitarrista, pelo eng.º Pedro Jorge.

O programa inclui ainda uma referência ao legado poético do homenageado (com leitura de poemas por João Bilha) e a actuação instrumental dos seus trinetos Mariana (17 anos) e Manuel Alte da Veiga (16 anos) alunos do Conservatório de Música de Coimbra. A vivência coimbrã de Antero da Veiga será recordada por Fernando Rolim, com Álvaro Aroso e José Santos Paulo à guitarra, e Humberto Matias à viola.

Recorde-se que Anthero Dias Alte da Veiga, que viria a celebrizar-se como guitarrista, republicano e diplomata, nasceu na Cerdeira, mas ainda em criança veio viver para Arganil, onde seu pai, Francisco António Maria da Veiga foi Tesoureiro da Fazenda, membro do Conselho Municipal e Provedor da Santa Casa da Misericórdia.

A iniciação à guitarra aconteceu na sequência  de uma ida à romaria de Nossa Senhora das Preces, aonde foi na companhia de amigos de Barril de Alva  e Coja, tornando-se  depois um virtuoso com actuações nas terras onde seu pai fora colocado, mas também em saraus da aristocracia.

Depois dos estudos secundários, Anthero da Veiga regressou a Arganil como funcionário judicial (escrivão-notário),  já então casado com Inácia Soares de Brito, da Chamusca da Beira. Nesta vila integrou as primeiras organizações cívicas locais, nomeadamente a Comissão para os Melhoramentos do Mont’Alto ( canalização da água para o Santuário) e a Comissão para a formação de um corpo de bombeiros.

Nesse período,  a sua actuação artística de maior mediatismo foi,  sem dúvida,  o recital perante o rei D. Carlos (1907) aquando  da estada deste monarca em Arganil.

Com a implantação da República (1910) Anthero da Veiga presidiu  (como Administrador do Concelho, interino) ao acto de transição camarária, mas, de imediato, foi  ocupar idênticas funções em Oliveira do Hospital  e depois noutros concelhos antes de ser nomeado Cônsul de Portugal na Corunha (Espanha), cidade onde desenvolveu uma frutuosa actividade artístico-cultural e humanista, com realce para a protecção aos portugueses indocumentados. Os seus dotes musicais, sobejamente reconhecidos em terras espanholas e francesas , valeram-lhe um convite para gravar em Liverpool (Inglaterra) em 1929.

Com o fim da 1.ª República em Portugal (1926) Anthero da Veiga seria demitido em 1928, mas só regressaria a Portugal em 1937, sob custódia da polícia antecessora da PIDE.

Em 1945 foi viver com seu filho Eugénio para Mogofores onde veio a falecer em 12 de Dezembro de 1960.