Alerta 2014 – Cogumelos Perigosos

O Município de Arganil, em articulação com o Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, vem alertar para os cuidados a ter na recolha de cogumelos silvestres, neste caso e em concreto, do “Amanita Ponderosa” e do “Amanita Boudieri”.

Durante a Primavera, raramente são referidos casos de intoxicação por ingestão de cogumelos silvestres. A diversidade de espécies e a produção são de uma forma geral menores que no Outono, o que alivia em grande parte os riscos e os acidentes desta natureza.

No entanto, há algumas áreas mais quentes do país, onde prevalecem povoamentos de azinheira e sobreiro, em que o consumo de cogumelos se baseia ou é exclusivo de uma espécie de desenvolvimento Primaveril – a Amanita ponderosa, vulgarmente conhecida, entre muitas outras designações, por: tortulho, silarca, tubareiro e regota.

O ano de 2013 teve condições climáticas, muito favoráveis para a produção não só da Amanita ponderosa mas também de outras espécies semelhantes, habitualmente menos frequentes, ficando os colectores mais sujeitos a apanhar, de forma descuidada, espécies não comestíveis.

Nesta Primavera, deram-nos conta da ocorrência de dois casos de intoxicação no distrito de Castelo Branco, pelo que a proximidade dos acontecimentos permitiu o contacto pessoal com os colectores e com os consumidores que tiveram problemas de saúde com a ingestão dos cogumelos.

As descrições feitas pelos intervenientes, algumas pormenorizadas e ainda bem presentes na memória, conduziram à identificação da espécie responsável pelas intoxicações – a Amanita boudieri, sobre a qual, tendo por base uma relação de comparação com a morfologia da Amanita ponderosa, espécie que supostamente estaria a ser apanhada, se referem as características mais salientes:

– Os cogumelos tóxicos no geral eram de menor dimensão; surgiram sob montículos de terra mais pequenos; eram mais moles e frequentemente apresentavam larvas; eram completamente brancos e a cor branca da carne permanecia imutável ao corte; na fase de ovo, o pé e o chapéu já eram visíveis; o pé, sem a volva em forma de saco, característica da Amanita ponderosa, apresentava uma base escura, em forma de cabeça de nabo envolta em terra aderente.

Contrariamente ao que, até agora era admitido, a Amanita boudieri, espécie de cor branca que compartilha o mesmo habitat da Amanita ponderosa, revelou-se ser a principal responsável pelas intoxicações que, ocorrem na Primavera.

Assim alerta-se para o facto da Amanita boudieri, apesar de ser considerada comestível (constando nos manuais, desde excelente comestível a sem valor culinário ou comestível medíocre), possuir toxina ou toxinas que atacam com gravidade o organismo humano, em particular o fígado e os rins, não devendo por isso ser consumida.

Para melhor esclarecimento, deverá ser consultado o documento de divulgação “ESTUDO SOBRE CASOS DE INTOXICAÇÃO POR INGESTÃO DE COGUMELOS SILVESTRES DE PRIMAVERA – EQUIVOCOS ENTRE Amanita ponderosa e Amanita boudieri” disponível no portal da DRAPC: http://www.drapc.min-agricultura.pt/base/geral/files/intoxicacao_boudieri.pdf , onde são enunciados alguns cuidados a ter na apanha, conservação e consumo da Amanita ponderosa, assim como apresentadas e comentadas com inclusão de fotografias, as características distintas das duas espécies passíveis de alguma confusão.